CARTA DE OURO PRETO 2014

Nós, integrantes da Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual – Rede KINO, presentes na 9ª Mostra de Cinema de Ouro Preto – CineOP, de 28 de maio a 2 de junho de 2014, para o encontro do VI Fórum, reconhecemos a interlocução crescente da educação com o cinema e o audiovisual, e a existência de uma enorme demanda não atendida pelos principais atores ligados à cultura e à educação.

Durante esses dias, projetos de diferentes regiões do Brasil e da América Latina revelaram a heterogeneidade, a potencialidade das ações, os desafios e os desejos que permeiam as relações entre o cinema e a educação. Como garantir a permanência de projetos já existentes e assegurar a viabilidade de novas iniciativas? Como organizar práticas formativas emancipatórias que costurem criação e técnica, para educandos, educadores, gestores?

Assumimos que o encontro educação-cinema é acima de tudo político. Os projetos existentes nos evidenciam a transformação de sujeitos e comunidades. Encontro que singulariza ações, compartilha saberes e perspectivas, envolve construções coletivas e aposta em novos processos e métodos de trabalho. É preciso pensar o papel do Estado e de poderes que assegurem a possibilidade dessas ações abrangerem todo e qualquer município do território nacional. Nesse sentido, propomos:

Para o MEC:  Apoio a municípios para formação continuada de professores para o trabalho com o cinema na educação. A Rede KINO identifica centenas de projetos de cinema e educação em todo o Brasil. Há uma evidente demanda por mais presença do cinema nas escolas. Uma das formas de intervenção possível é através de apoio direto do MEC a municípios para que estes desenvolvam com parceiros projetos de cinema-educação, permitindo assim uma real aplicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica LDB 9.394/96;

Para o Ministério das Comunicações / MEC: Vivemos a injusta situação em que milhares de escolas não possuem Banda Larga de qualidade, inviabilizando acesso a acervos, conhecimentos e trocas as mais diversas. Só com a banda larga a escola pode hoje efetivamente participar da construção do país;

Para o MinC: Entendemos que é de grande importância a democratização dos arquivos e a preservação de filmes que possam ser inseridos na programação de cineclubes e projetos nas escolas;

Para o MAIS CULTURA: Apoiar o trabalho com cinema nas escolas através do intercâmbio entre professores e sociedade civil. Entendemos que o MAIS CULTURA tem a possibilidade de dar maior ênfase ao trabalho de cinema nas escolas, abrindo espaço para atores que desenvolvem projetos na área: universidades, cinematecas, museus, ONGs;

Para ANCINE: Os filmes produzidos no Brasil com verba pública precisam chegar às escolas depois de seu período de exploração comercial. Vivemos hoje o paradoxo de termos a produção cinematográfica brasileira financiada com dinheiro público e, em um segundo momento, o dinheiro público tendo que ser usado para a compra destes mesmos filmes para as escolas.

Para a CAPES e o CNPq: financiar projetos de pesquisa, ensino e extensão que envolvam cinema, educação e preservação do patrimônio fílmico brasileiro.

Finalmente, aos amigos, cineastas e todos os atores envolvidos com o cinema, nosso convite: conheça o cinema que se faz nas escolas.

 

Ouro Preto, 02 de junho de 2014

Rede KINO

 

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